Quando chega a sua vez
- Camila Andrea Braga
- 30 de jul. de 2016
- 3 min de leitura

Muitos foram os temas sobre as quais eu gostaria de escrever na minha primeira publicação deste blog. Mas, infelizmente, como tive uma notícia muito chocante esta semana não conseguiria falar de outra coisa.
Eu faço aula de Pole Dance e dentre os instrutores temos dois homens. Sim dois homens. Exepcionais no que fazem, com movimentos invejáveis, com corpos bonitos e, o mais importante, HOMENS DE BEM.
Homens que acordam todos os dias, vão para o trabalho, cumprem com suas obrigações, pagam seus impostos e tratam as pessoas com respeito durante toda essa rotina.
Homens que têm família, que têm sonhos, que têm ambições, que têm amores e medos.
E um desses homens a partir desta semana, por causa de seus amores, terá mais um medo para acrescentar a sua lista: MEDO DE EXISTIR.
Meu professor foi atacado essa semana. Estava voltando para casa e antes de chegar ao metrô República (em uma área que é "point" gay) foi atacado por três homens. Três homens que o agrediram fisicamente e gritavam que iam matá-lo. Ele fugiu. Esta em casa. Não ouso dizer que está bem. Nem sei se alguém volta a ficar totalmente bem depois de ser atacado e agredido por pessoas que nem o conhecem, mas repudiam a existência dele.
Ao relatar a agressão que sofreu meu professor disse que foi vítima de homofobia. É um conceito que eu não entendo. Fui olhar no dicionário: rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade. Tenho uma amiga que tem fobia de borboletas. Entra naquela lista de medos irracionais, não consigo entender como uma futura médica, inteligente, sai correndo e gritando e se joga num lago (isso realmente aconteceu) quando entra uma borboleta no quarto, mas é uma paúra real. Minha amiga não mata as borboletas, nem acha que elas devem ser eliminadas da face da terra, nem pede que nós as matemos para ela. Ela ainda tem a capacidade de admirá-las e admitir sua beleza. A simples existência das borboletas não a fere, não a incomoda, não a ameaça.
Algumas pessoas têm medo de palhaço, é chamado de Coulrofobia, e as pessoas acometidas por esta fobia não saem por ai matando palhaços, agredindo-os. Não é ok.
Não consigo entender como alguém se sente aversão ao ponto do cometimento de violência tão extrema, tão gratuita, tão sem sentido. Você não gosta de homossexuais (se trata, porque você tem algum problema) atravessa a rua, não vai em balada GLS. Acho que você vai ter que atravessar muitas ruas, evitar muitas festas, porque eles estão aqui pra ficar!
Você não gosta de homossexuais, não precisa ser amigo deles. Pode ter certeza que vai deixar de conhecer um monte de gente incrível, talentosa, sensível inteligente, mas é uma escolha sua! Nenhum deles está te dizendo como viver a sua vida. PARE DE SE INCOMODAR COM A DELE!
Procure um programa que te faça uma pessoa mais feliz e não que destrua um ser humano, que lhe traga insegurança, desolo, tristeza, hematomas, fraturas, cicatrizes.
Caso eu tivesse que escolher um lado da rua, uma balada, uma companhia, um amigo, seria o lado da rua, a balada a companhia do meu amigo Renato e não dos três covardes que o agrediram.
Os três homens que se acham mais homens do que os homossexuais, porque têm uma visão muito pequena do que é ser homem. Reduzem a uma pratica sexual, esquecendo-se das outras práticas que te fazem homem: responsabilidade, bom-caráter, honradez, hombridade, dignidade, respeito, bondade, honestidade, auto-controle, entre tantas outras que faltaram a esses três imbecis.
Antes desses três ficarem achando que são mais homens do que qualquer outro, deviam aprender a ser gente, pois lhes faltou humanidade.
Chegou a vez do meu professor ser agredido, espero que esse tipo de coisa deixe de existir, para que não chegue a vez de tantos outros homens e mulheres de bem.
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