top of page

A escravidão do "pode piorar", a estafa mental, a dúvida, os palpites, os adversários e ou

  • Foto do escritor: plinmila
    plinmila
  • 8 de mar. de 2017
  • 5 min de leitura

Antes de começar algumas informações contextualiadoras 1) Quando eu tinha 18- 19 anos, voltei para academia depois de um período de ócio e fiz 6 horas de academia do mesmo dia. Duas horas pela manhã, fui para o estágio, voltei e fiz mais 4 horas. Resultado: perdi o controle da perda direita. Arrastei a perna por uns 10 dias. 2) Em 2016 fiquei desempregada por duas vezes. A primeira foi por um motivo louvável que foi uma prova do meu caráter. A segunda foi por um motivo lamentalvel, que foi a sucumbência da empresa onde eu estava à crise economica. 3) Uma amiga (espero poder chamá-la assim) foi recentemente aprovada no concurso que almejo e me deu muitas dicas - estas que eu tento seguir o máximo que posso.

Contextualizados.

Voltei a trabalhar em fevereiro. Graças a Deus! As contas não param de chegar e viver não é de graça. Sempre trabalhei, então, estava de volta ao meu elemento. Galera jovem, gente boa e divertida no escritório. E trabalho, muito trabalho. Conta nova, visibilidade, responsabilidade. Um dia até as 21h00, dois dias até as 22h00, começa a juntar as abas das pizzas consumidas no escritório a noite, porque a 11ª é de graça. Só mais uma hora, só o sábado do carnaval, só mais um protocolo, nenhum dia de academia desde o início do trabalho, mas você não vence o trabalho. Emprego novo, conta nova, visibilidade, responsabilidade, pressão. Mostrar que é boa, que consegue, não posso reclamar, pior é ficar sem trabalho.

Um dia sai do trabalho as 23h40, cheguei em casa as 00h15. Só tomei banho (tinha jantado no escritório), contei pra mamãe porque tinha chegado tarde e dormi. Dia seguinte 6h30 de pé, porque interjornada é luxo. Você se sente estranha. Mas deve ser o casaço, não dá pra reclamar, pior é o ócio. A moça da padaria pergunta "CPF na nota moça?". Não sei quanto tempo eu demorei pra responder, deve ter sido uns 4, 5 segundos, mas parece que foi muito tempo. Estranho.

Cheguei no escritório. Adrenalina, audiências acontecendo ao mesmo tempo, correspondentes pipocando no whats, você se sentindo um controlador de voô. Num intervalo liga para aquele advogado para tentar um acordo: "Bom dia Dr., gostaria de saber se o há interesse do reclamante em relação a esse caso?". O advogado responde: "Dra. Camila???A Dra. não me ligou ontem? Respondo até o final da semana Dra., estou com seu e-mail". Você acha que o advogado é louco, ou é uma coincidência de Camilas, até que abre a planilha em que você mesma escreveu "entrei em contato com o advogado, responderá até o final da semana, verificar novamente na segunda".

Não lembrei. Até agora não lembro. Tento e tento novamente lembrar de ter ligado para ele e não lembro.

Ah, mas ai a casa cai, porque se eu tenho que lembrar todos os princípios de tudo que existe no mundo, todas as regras e suas respectivas exceções, quais são os tratados ratificados e os não ratificados, mas eu não consigo lembrar pra quem eu liguei no dia anterior, momento Maisa: MEU MUNDO CAIU!

A estagiária vem perguntar onde ela salva os documentos enviados, você então percebe que tem um "delay" entre escutar o que ela diz e realmente entender o que ela diz.

Pronto, lá estou eu, adolescente novamente fazendo 6 horas de academia, só que agora perdi o controle da minha cabeça.

Você pensa que você precisa mesmo é estudar. Porque no seu instagram do concurso você já recebeu atualização de todos os concurseiros batendo todas as suas metas diárias, mensais, de peso e arrasando nas cores de stabilo, e você mal consegue cumprir o SLA do cliente e fazer todas as dezenas de defesas semanais que você tem para fazer.

Chegando na cabine você vai se redimir de tudo, conseguiu, no meio da tempestade (da vida e de março mesmo) ir para a cabine. Uau.

Começa a assistir a aula, anota o titulo no topo da página, mas não consegue concentrar para fazer as anotações devidas, fica tocando na tela para ver quanto tempo ainda falta pra acabar a aula, e pensando que já gastou um acesso do CERS e vai ter que ver novamente, porque não prestou atenção.

Folheei o material da vizinha de cabine (com autorização) e me senti pior ainda. Ai a vizinha (fofa) manda audio "desanima não menina, você é forte". Sou mesmo? Por que sou forte? Quando fui? Será que sou uma fraude? Estou enganando só os outros,ou to no mesmo balaio?

Pronto, você decide ir embora, porque afinal você é um fracasso, não consegue fazer nada certo, e ainda conseguiu "zuar" seu cerebro, nesse passo não vai lembrar nem quais os requisitos da cautelar. Sai da cabine pra jogar algo no lixo, com vontade de chorar, mas de chorar muito, porque talvez seja a hora de parar de mentir pra você. Não, você não é forte, você não tem força de vontade, você não tem capacidade de chegar onde quer. Senti-me encravada onde estava, onde estou, ainda muito longe do meu sonho.

As pessoas conseguem trabalhar e estudar, conseguem manter casamentos e filhos e estudar, conseguem progredir no edital e estudar, o que eu consigo? Estafa mental, perda de neurônios, danificar meu instrumento de trabalho.

Conselho número um da concursada amiga que eu ignoro (apesar de achar que não): Não se compare com os outros.

Fui esvaziar meu apontador na área do café ai você encontra uma amiga concurseira, que te ouve, conversa, fala das dificuldades dela, que são outras, que são dela, não são as suas, porque ela é ela e eu sou eu, mas ela ta na batalha, contra o edital, contra o tempo, contra os outros e contra ela.

Lembrei do conselho da concursada amiga: Estudar pra concurso doi.

Mas não é porque doi que você tem que dormir em cama de prego e andara sobre cacos de vidro. Vai doer naturalmente, use as almofadas e os EPI's que tiver e não aumente a sua dor desnecessariamente.

Cheguei em casa e chorei. Mas não foi de desespero (Graças a Deus). Foi de gratidão. Porque nesse caminho tenho conhecido muita gente. E muita gente boa, muita gente guerreira, generosa, preocupada, receptiva, pessoas dispostas a serem suas amigas.

Ouvi uma vez que a amizade é como terapia para os pobres. Amizade é a forma de Deus te botar no colo, te dar um beijo na bochecha e fazer parar de doer.

Às pessoas que passam por essa escalada preocupada com os adversários, só lamento a solidão do seu caminho, eu escolhi fazer amigos.

Esse conselho da concursada amiga eu segui a risca: Faça amigos, faça amigos, faça amigos!


 
 
 

Commenti


  • White Facebook Icon
  • White Instagram Icon
  • White Pinterest Icon
  • White Twitter Icon
  • White YouTube Icon
bottom of page